Por vezes da-nos aquelas "travadinhas" na moleira, e foi o que me aconteceu a semana passada.
Desde que me inscrevi, tinha como objectivo ganhar, mas quando soube que o Indurain e o Vaceslau estavam inscritos, desanimei e decidi encarar o evento como um fim de semana turístico.
Esta é a parte séria, pois a parte menos séria, é que, depois de uma virose e de um imprevisto em que me vi privado da companhia das minhas duas mulheres para o fim de semana, não ia estar fora dois dias para pedalar "apenas" 150kms, e decidi, à boa maneira antiga, ir esticar as pernas.
Saí de casa sem um trajecto totalmente definido, tudo iria depender das pernas e do estado anímico. E pronto, lá foi ele estrada fora...!
Fui pedalando até Braga, e lá pensei (sim, também penso malta) por onde iria.
Lembrei-me de uma história contada por um tio meu, o mesmo que me pôs os pedais nos pés à muitos anos. História essa sobre uma estrada para os lados da capital do Alvarinho.
Vejam lá que isto foi à tantos anos, que hoje não é Alvarinho, mas sim "Alvariño" hehe.
De lá fui em direcção a Melgaço. Olho para o gps e pensei (não se esqueçam, também penso)... Mas porque raio vou dar esta "volta" aqui quando tenho esta estrada mais perto? E assim foi ele.
Os primeiros km, vá, os primeiros metros até eram engraçados, mas de repente dou com inclinações na ordem dos 15% e mais, isto durante uns bons, mas mesmo bons km.
Aí voltei a pensar (se calhar foi isso que estragou...Pensei).... Olha, uma estrada mais perto ali para mim !!!
E assim foi, em "poucos km dou por mim a mais de 1000 metros de altitude.
As paisagens de facto eram soberbas, mas por aquela estrada acima, sempre debaixo de um calor estupidamente quente, cheguei a pensar que se calhar seria melhor ter ido por Melgaço hehe
Aquilo era tão agreste que até os répteis estavam preguiçosos.
Queria ter colocado a bicicleta mais perto para terem um meio de comparação em relação ao tamanho daquilo, mas achei melhor que se calhar, ali sozinho, não seria assim tão boa ideia!!!!
E a porra da estrada lá continuava a subir, e acreditem aquilo subia mesmo que se fartava, mas quanto mais alto subia, mais bonitas ficavam as paisagens, mas ao contrário da beleza das paisagens, as minhas pernas começavam a ficar bem mais feias!!!!
Até que dou por mim, a meio da subida entre não sei onde (não me lembro onde começou) e Castro Laboreiro, numa aldeia de nome Cousso.
E digo-vos que aqui se passou um dos melhores momentos desde que ando de bike. Pronto, um momento altamente foi ter visto o Manel todo f*did* das pernas no dia seguinte (hehehe), mas este foi bonito também.
Entrei para comer, e não havia nada, mesmo sendo um café. O sr "caraitxo" dá dois berros pela "Manééééla", e passados minutos, estou sentado à mesa com eles a falar do 2+1 aqui na Maia, e a almoçar da mesma comida deles. Na hora de pagar, quase me batia e mandou-me (mais uma vez) para o "caraitxo", porque para além do café e das bebidas, queria pagar o almoço!!!
Pode parecer coisa simples para muitos, mas eu, acreditem, nunca vivi nada disto.
A aldeia em causa fica situada na marcação deste mapa...
E lá foi o nabo do Frinxas continuar a subir até Castro Laboreiro, e chegado lá, parei. Parei, olhei para aquele castelo (todo desfeito). Os reis eram fodidos mesmo naquela altura. Imaginem lá como levaram eles os calhaus para aquele pico. Entretanto começo a pensar que, com estes pensamentos sem nexo, quem estava fodido mesmo era eu já. E pronto, subir mais uma bela "escada" em direcção a terras dos "caga en lá óstiá!
E acreditem que deve ter sido das poucas vezes que me deu muito gosto entrar em território inimigo.
Para além de um excelente piso, apanhei uma descida....!!!! Desce... E desce.... E desce...!!!!
Numa localidade qualquer por tierras ispániólas, entrei num tasco. Assim que olhei para cima e vi aqueles chouriços pendurados, entrei em "parafuso", pois com a minha dieta em curso, não me permitia comer daquilo. Decidi então atacar duas sandes de presunto, ou jámon. Uma do ibérico (?!?) e outra do famoso preto... "Pára néra"! (os assentos são para salientar mais a pronúncia malta). A acompanhar, duas belas latas de vintage Coca Cola da colheita de 2014, um "sólo" e siga, carretera con ella heheheh!!!!
Assim que a descida terminou, cheguei a uma localidade que, sabendo que no dia seguinte por lá iria voltar a passar, desanimei.
Para quê que desceste tanto seu nabo, se agora vais ter esta escada toda até tierras dé pórtugal?
E assim foi, de Lobios até ao nosso país, sempre arriba e mais arriba por aquelas carreteras ispániólas!!! E acreditem, se de manhã estava calor, aqui estava pura e simplesmente.... TÓRRIDO!!!
A "meio" lá meti a pêta a um tipo, disse que por lá andava para fazer reconhecimento do que iria apanhar no dia seguinte. Ele chamou-me tolo, foi aí que decidi não lhe contar a verdadeira história.
A certo ponto da subida, já só pensava na descida que iria apanhar em Portugal, mas entretanto pensei no local onde iria ficar a pernoitar, e de repente.... FODA-SE!!!!!!! Tinha mesmo que subir a famosa Pedra Bela. A alternativa era ir até à vila e subir pelo lado que a malta iria descer no dia seguinte. Naaaaa......!!!! Iria esticar mais uns bons 20km aos previstos, e em vez de 4, teria que subir uns 7...!
Bora lá para a Pedra Bela.
Acreditem que de Bela, só mesmo o nome. Entrar ali com mais de 200kms nas pernas, muda um pouco o panorama da subida, mas por outro lado, as paisagens são de facto excelentes!
E pronto, meus caros leitores, assim se passou mais uma aventura em cima dela... Da bike!
Foi mais uma história da minha vida.
Quando cheguei ao local de dormida, a surpresa, a minha directora desportiva lá arranjou maneira de se deslocar ao Gerês.
Agradeço aos meus patrocinadores.... Alto, não os tenho. O dinheiro que gastei era todo meu.
Pronto, então agradeço à Sandra o facto de me aturar. Pronto, ela não me atura nada, já nem liga mesmo ao que faço.
Então pronto, agradeço ao sr "cartaitxo" o EXCELENTE MOMENTO que me fez passar à mesa da sua cozinha na companhia da sua "Manéééééla". Sei de fonte limpa que ele nunca irá ler isto, mas fica sempre aqui a recordação, e a vontade de lá voltar e passar mais uma bela hora e meia na companhia daquele excelente casal!
! ! ! . . . BOAS PEDALADAS . . . ! ! !
