Dei por mim hoje, quando entrei na garagem, parado a olhar durante uns bons segundos para ele, sozinho, ali no chão...!
Dei por mim ali sozinho a pensar se vale a pena tudo isto!!!
Resumindo meus amigos, ontem, durante um evento de btt, VITALIS/DIÁRIO DE COIMBRA XCM OPEN CUP , tive um acidente. E pelos vistos foi grave. Grave o suficiente para ficar com metade da cara desfigurada, grave o suficiente para ter estado inconsciente durante uns belos minutos. E não foi mais grave se calhar por causa deste senhor daqui da foto...
Acreditem que, durante o dia pensei várias vezes se vale a pena tudo isto. Já é a 2ª vez num curto espaço de tempo, mas desta vez, confesso... Abalou-me.
Bem, enquanto recupero vou pensando mais um bocado nisso, e pensando principalmente num belo agradecimento a todos os que me ajudaram ali, principalmente a uma pessoa. Não quero com isto menosprezar ninguém, pelo contrário. E se coisa houve foi um enorme apoio de toda a equipa, e disso lembro-me eu bem, mas queria apenas enaltecer um deles, o VASCO CORREIA, agradecer-lhe imenso o que fez, e pedir-lhe desculpas pela aflição que te causei amigo. Já me contaram o que por lá se passou!!!
A ti e a todos aqueles que de alguma forma me ajudaram ali...
OBRIGADO MALTA!!!!
Vou pensar de novo...
6 comentários:
Desejos de rápidas pedala...oh!!melhoras!!
Abraço
Votos de rápida recuperação.
Há uma semana atrás, também me aconteceu a mim.
Quando ouvimos falar de quedas, quando no final dos eventos de BTT, seja nos balneários seja durante o almoço, vemos alguns colegas arranhados, ou vemos intervir os paramédicos, pensamos sempre que só toca aos outros, e, nós os que em dezenas e dezenas de provas, em anos a anos de BTT nunca caímos, nas descidas, somos dos que raramente tocam nos travões, sempre sem medo, julgando que seremos capazes de transpor todos os obstáculos que forem aparecendo sem nunca "ir ao tapete"..
No dia 25 de Março coube-me a mim..
Era uma descida vertiginosa em Odemira, e eu estava satisfeito porque sabia ir bem colocado, aí nos primeiros 40 ou 50, e eram prái uns 200..
Havia 2 trilhos paralelos, o participante à minha frente mudou de trilho, mas eu insisti no mesmo, muito inclinado e derrapante...seixos e valas enormes mesmo ao lado...pensando que bastaria levar o corpo com a inclinação correta para não deixar resvalar...a velocidade era tipo TGV...
Quando perdi o controle só me lembro de ser projectado e dar um valente estoiro no chão, de bico, cabeçada... sentei-me e comecei a apalpar o pescoço e a experimentar várias funções, a ver se tudo funcionava, e parecia que sim.
Alguém que me conhecia parou e dizia "tens a certeza que estás bem" e eu que sim, embora o polegar e mão direita me doessem bastante, conseguia mexer os dedos, quanto ao sangue na cara já me tinha apercebido que seriam apenas arranhões nos lábios e queixo, joelhos e cotovelos muito descascados, mas esses já têm tantas marcas sobrepostas, pelo que eram coisas de somenos importância...
Não me esqueço sobretudo de um grupo de holandeses, que insistiram em não arredar pé "its all right?" e que não me abandonaram enquanto não pedalaram aí um quilometro atrás de mim, parece que ninguém que me viu cair, acreditava que pudesse continuar.
Passados uns 5 kms foi a separação entre os 25 e os 50 kms. Podia optar pelo percurso mais curto face ao sucedido, mas como nunca mudei os planos a meio de uma prova lá fui, penosamente, metendo as mudanças com a mão que se podia mexer...30 kms muito duros e dolorosos, até ao final...
Agora, durante esta semana, para aqui ando -cheio de dores - trabalhar, sem dizer nada, com a mão inchada...
Palavra, quando alguém me aperta a mão, e isso faz parte do meu trabalho, cumprimento clientes de manhã à noite, vou ao inferno com dores na mão...já pensei mudar para a esquerda... Bem, tenho evitado aqueles que eu sei que têm o hábito de dar um grandes apertos, tenho fugido um pouco ao seu contacto, e quando os vir tenho de lhes dizer que, não é que esteja com "frescuras", mas por agora, prefiro um antes um abraço ehehe
Para me animar, lembro-me daquela expressão alentejana "mais vale uma mão enxada, do que uma enxada na mão" ehehe
Tenho-me lembrado de tudo o que me podia ter acontecido: eu podia ter facilmente terminado ali, tinha sido uma forma fácil de morrer.
Podia ter rebentado os orgãos internos com a força da aparatosa e violenta queda, podia ter partido a coluna, o pescoço, por exemplo, e sobretudo se não levasse capacete, teria tido um traumatismo craniano grave.
Portanto, além de usar sempre capacete, levem-me muito a sério: tomem muito, mas muito cuidado, não tenham medo de perder 1 minuto ou 3 ou 5 ou meia hora se for preciso, para assegurar a vossa segurança nas zonas perigosas e nas descidas.
Pode ser a vossa vida que esteja ali em causa.
Pensem nisto.
Abraço e boa recuperação.
Eduardo
A tua última frase, deixou-me a pensar de que possas pensar que vale a pena...Ontem amigo durante o período que estiveste inconsciente e até estares "mais estável" nunca estiveste só (a não ser os segundo enquanto o Vasco não chegou junto de ti)...a tua equipa não deixou...por razões de segurança não podemos ficar todos ali,...o local continuava perigoso...Se quiseres uma imagem do ciclismo "puxamos à vez" o enorme Vasco puxou mais tempo, mas todos puxamos um bocadinho!! Houve quem chorasse, houve quem praguejasse, houve quem rezasse e ninquém descansou enquanto não ouviu a melhor notícia: "Ele está bem!!" Até Mondim!!!
Estes relatos vividos e por ora sofridos, são a imagem REAL dos riscos que por vezes de forma AVENTUREIRA e IRRACIONAL, alguns bttistas correm.
"Quanto maior é a velocidade, maiores são as CONSEQUÊNCIAS".
A PAIXÃO com que encaramos o Nosso BTT não merece danos e mazelas de grau acentuado, a não ser que façamos dela a nossa profissão (aí os riscos são remunerados).
Depois, a velocidade é INIMIGA do companheirismo, da entreajuda, do convívio e da foto-reportagem para dedicada aos nossos filhos e netos.
Desejo-vos rápidas melhoras e mais MODERAÇÃO( se conseguirem)...
Nuno,
No ano passado também sofri dois acidentes. O primeiro, completa hoje um ano. Foi na África do Sul, durante a sétima etapa do Cape Epic. Um acidente grave. Fiquei inconsciente por muito tempo. Não me lembro de quase nada, apenas dos amigos. Exatamente como você.Foram dois portugueses a me socorrer: Mario Roma e Helder Carvalho. Este acidente mudou tudo. Me tirou do eixo, mudou meu caminho e a direção do meu olhar. Nada seria como antes. E eu soube disso logo que recobrei a consciência.
Sei exatamente o que você está sentindo.
Mas eu não precisei pensar se tudo isso vale a pena. Disso eu não duvidei nem por um minuto.
Vale. Ah... se vale!
Força aí. A dor vai passar.
Bjim,
Raquel Gontijo
Rápidas melhoras e que te corra tudo pelo melhor
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