sábado, 12 de outubro de 2013

Mudança de mentalidade ou estarei a ficar velho?

Aqui há uns anos, conheci um tal de Pedro Alves. No anonimato da sua existência, ele dedicava-se a pedalar durante longas, mas looongas distâncias. Conheci-o através de um tal Xiclista, este apesar de mais velho, com menos juízo que ele. Na altura, andava eu atrás de ajuda para o Lourdes-Ermesinde, e dizem-me que na "minha terra" alguém estava para fazer de Viana até Sagres a pedalar non stop. Bem, todos nós sabemos que hoje, por causa do Strava e companhia, isto não causa tanto espanto, mas na altura era coisa rara, mesmo muito rara.
No dia que o conheci pessoalmente, estava há espera de ver entrar por aquele café dentro um homem de 3 metros de altura, com 4 pernas e 6 braços, mas não. Estava totalmente enganado. Era como eu o gajo, magro e tudo.
Enquanto bebia a sua meia de leite descafeinada, ia falando e falando. Estranhei o facto de, ao contrário de muitos, não estar ali a vender as medalhas dele, mas sim de pedais, e a sua ciência.
Passou-se os tempos e ele, juntamente com outros, lá formaram o agora tão conhecido clube dos Randonneurs Portugal.
Vou acompanhando as suas aventuras, e por vezes dou por mim a pensar o que leva alguém, não a pedalar centenas e milhares de quilómetros seguidos, mas sim, enquanto pedalam, usarem guarda lamas e coletes reflectores.
O tempo lá continua a passar e a mentalidade parece que acompanha. Dei por mim a fazer uma coisa que nunca imaginaria, usar um guarda lamas na bicicleta. Pensei que nunca um ser humano como eu conseguiria descer tão baixo a este ponto, mas depressa entendi que quando chove, o uso do guarda lamas deixa o meu cagueiro bem mais confortável.
O tempo continua a passar (alguém sabe como o fazer parar?) e agora dou por mim a pensar descer a um nível bem mais baixo ainda.
Todos os dias passo neste local de bicicleta na deslocação para a empresa. Isso quer dizer que este ano já foram mais de uma centena de vezes (mais a volta, mais de duas centenas portanto) que aqui passei, apenas com a lanterna ali toda contente, a piscar. Em todas estas centenas de vezes, raras são as que passo com iluminação natural, o sol!
p.s.: não se iludam, a lanterna não projecta tanta luz. A pouca que se nota é de uma viatura que passava.
 Ontem, antes de passar de bicicleta, passei numa viatura que, apesar de ter muito boa iluminação mesmo, quase foi insuficiente para ver um ciclista (sem iluminação nem nada) que ali passava.
Aquilo ficou-me na mente de facto, e quando me ponho a pensar na merda que todos andam a fazer na estrada, mais aterrorizado fico. Já sei que se levar um colete, vou levar na mesma com um camião ou carro em cima, mas pelo menos ficarei mais visível debaixo dele, certo?
Se parece mal ou não?
Se parecemos menos prós ou não?
Não faço ideia, mas é como o avec disse, "É tudo uma questão de visibilidade"!


Não se admirem portanto que, um dia destes, aquele nabo que todos os dias vai de bicicleta para a empresa, para além da sua mochila laranja vá equipado com o respectivo colete reflector.
Mas mais aterrorizado fico com o seguinte: comecei no guarda lamas, agora estou a pensar nos coletes. Será que também irei começar a parar nos semáforos vermelhos?!?
A ver vamos Pedro, se me tornarei num Randonneur!
! ! ! BOAS PEDALADAS ! ! ! 

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